quarta-feira, junho 01, 2005

Análise de dados qualitativos

A análise de dados (de natureza quantitativa ou qualitativa) é um dos temas mais complexos destes cursos. Já o disse, mas continuo a senti-lo. E a questão coloca-se assim porque de facto não estamos a fazer investigação, estamos tão somente a falar de ou sobre investigação. Ao pegarmos em extractos de entrevistas para demonstrar formas de análise, não temos um quadro teórico comum que tenhamos estudado, não temos claro os objectivos da análise - enfim, não estamos de facto engajados na investigação.

Mas não deixa de ser importante fazer este tipo de exercícios.
O uso do QSR NUD*IST permitiu trazer para a frente as diiculdades da análise, a partir da definição de categorias e da sua gestão ao longo da análise. Muito curiosa aquela pergunta "Mas então se só permite fazer pesquisas (de texto e de nodes em forma isolada ou transversal) para que serve?" A pergunta paralela a esta nas metodologias de análise de dados quantitativos seria "Mas se o SPSS só permite fazer testes e determinar medidas uma vez colocados os dados, para que serve?".
É fundamental reconhecer que os instrumentos que utilizamos - sejam eles ferramentas computacionais, quadros de categorias, etc - são de facto apenas instrumentos. Somos nós que fazemos as análises, isto é, indicamos a essas ferramentas o que fazer e interpretamos e elaboramos sobre os resultados que nos dão. Definitivamente o uso da tecnologia transporta elementos (culturalmente situados) que parecem por um lado sugerir que os processos passam a ser automáticos e, por outro lado, a ter mais credibilidade (o que está obviamente longe de ser verdade). Mas vale a pena sempre reflectir sobre o uso da tecnologia na investigação e desmistificar o seu papel.