terça-feira, junho 21, 2005

Aquém das expectativas...

Talvez as minhas expectativas fossem exageradas, talvez não. A verdade é que o Seminário de que falava na semana passada ficou bastante aquém das minhas expectativas. Pouco envolvimento, pouco interesse em discutir de facto a educação em investigação e em colocar na mesa com transparência argumentos para repensar a formação.

Defendo que a mudança só pode ser feita no quadro de um repensar do programa de pós-graduação na sua globalidade e não apenas de uma ou duas disciplinas. E felizmente encontrei que me acompanhasse nessa posição. A experiência apresentada pelo Rui Canário deixou pistas de trabalho aliciantes e muitíssimo interessantes.

A questão da curricularização e escolarização da educação em investigação (apesar de tocada em diferentes momentos pelo Andrew Brown, por mim e pelo Rui Canário*) não foi discutida. Pena.

*ver nesta linha um texto do RuiCanário.

quinta-feira, junho 09, 2005

No final das aulas

Final das aulas. O final do semestre ainda vem longe. Pessoalmente sinto as minhas ideias mais arrumadas em diversas questões sobre as metodologias de investigação e sobre o ensino das metodologias de investigação em cursos de pós-graduação (para isto concorreu de certeza também o ter desenvolvido um texto sobre esta temática para o Seminário do CIE sobre este tema.

Bem ao contrário das minhas ideias, as minhas duas mesas de trabalho na Faculdade e uma em casa chegaram ao final do semestre aparentemente muito mais desarrumadas.


jfm, 2005

Bem. Não tão desarrumadas como a mesa daquele professor no Instituto di Ricerca i Didatica em Génova em que estive a trabalhar no mês passado e que me disse en quanto eu tirava uma foto "Sei onde está cada coisa..."

quarta-feira, junho 08, 2005

A escrita da investigação

Analisar (dados / situações / documentos) é escrever. Relatar a investigação passa necessariamente pela escrita. Mais do que "escrever a tese" trata-se de escrever a investigção. Os pontos que discutimos na questão da representação da investigação fizeram aflorar imensas questões - muitas revelando as imensas dúvidas que muitras pessoas têm neste momento acerca do que é desenvolver um estudo para constituir a dissertação de Mestrado em Educação. Senti claramente que se deveria estar já noutra fase, mais segurança acerca das áreas de aprofundamento mais apetecíveis em cada um, uma visão das possibilidades mais aberta. Diversos dados e muitos depoimentos dos mestrandos mais me convenceram de que a demasiada escolarização dos programas de Mestrado não ajuda em nada o desenvolvimento duma noção de que o desenvolvimento de uma investigação (e a consequente elaboração de uma dissertação de Mestrado) é uma oportunidade de formação que deve ser agarrada por cada um com as duas mãos.

terça-feira, junho 07, 2005

De novo os aspectos éticos da investigação

Como esperado, a discussão de situações críticas de investigaão, em ternos éticos, desenvolveu-se com polémica. A discussão dos casos históricos de Zimbardo e de Milgram permitiram esclarecer a noção de "consentimento informado". Ficou a ideia de que os aspectos éticos de condução da investigção não têm sido muito objecto de reflexão noutras disciplinas deste programa de Mestrado. Muito menos a ética da investigação (e.g. a pertinência do Estado investir na investigação, a relação da investigação com o mundo social, etc). Fica um campo de reflexão pelo menos aberto.

Ver também o Milgram Reenactement

quarta-feira, junho 01, 2005

Análise de dados qualitativos

A análise de dados (de natureza quantitativa ou qualitativa) é um dos temas mais complexos destes cursos. Já o disse, mas continuo a senti-lo. E a questão coloca-se assim porque de facto não estamos a fazer investigação, estamos tão somente a falar de ou sobre investigação. Ao pegarmos em extractos de entrevistas para demonstrar formas de análise, não temos um quadro teórico comum que tenhamos estudado, não temos claro os objectivos da análise - enfim, não estamos de facto engajados na investigação.

Mas não deixa de ser importante fazer este tipo de exercícios.
O uso do QSR NUD*IST permitiu trazer para a frente as diiculdades da análise, a partir da definição de categorias e da sua gestão ao longo da análise. Muito curiosa aquela pergunta "Mas então se só permite fazer pesquisas (de texto e de nodes em forma isolada ou transversal) para que serve?" A pergunta paralela a esta nas metodologias de análise de dados quantitativos seria "Mas se o SPSS só permite fazer testes e determinar medidas uma vez colocados os dados, para que serve?".
É fundamental reconhecer que os instrumentos que utilizamos - sejam eles ferramentas computacionais, quadros de categorias, etc - são de facto apenas instrumentos. Somos nós que fazemos as análises, isto é, indicamos a essas ferramentas o que fazer e interpretamos e elaboramos sobre os resultados que nos dão. Definitivamente o uso da tecnologia transporta elementos (culturalmente situados) que parecem por um lado sugerir que os processos passam a ser automáticos e, por outro lado, a ter mais credibilidade (o que está obviamente longe de ser verdade). Mas vale a pena sempre reflectir sobre o uso da tecnologia na investigação e desmistificar o seu papel.

sábado, maio 28, 2005

A ecologia dos cursos de mestrado

Na lista de coisas que valeria a pena investigar coloco definitivamente a ecologia dos cursos de Mestrado. Uma nota: estou a adoptar a noção de ecologia como a relação de um organismo com outros elementos e organismos na sua esfera ambiental. Vem isto a propósito do cruzamento entre a sensação que em diversas aulas me é transmitida por várias pessoas sobre a ecologia do Mestrado e a leitura de Conformity and Conflict: readings in cultural anthropolgy editado por James Spradley e David McCurdy.

Tema a retomar no Seminário sobre o Ensino de Metodologias de Investigação que terá lugar nos dias 20 e 21 de Junho, organizado pelo Centro de Investigação em Educação.

quarta-feira, maio 11, 2005

Curioso no mínimo

Durante a discussão das análises realizadas sobre o texto do Padre Américo surgiu claramente a categorização dos argumentos do autor sobre a natureza, dificuldades e consequências do "castigo bem aplicado". Com as devidas distâncias e o reconhecimento do valor inestimável da obra do Padre Américo nos anos 50 e hoje em dia, foi inevitável pensar nas semelhanças com a análise feita de modo idêntico ao discurso de George W. Bush no "final" da guerra do Iraque num barco de guerra. Curioso no mínimo.