Analisar e discutir a investigação?
A expectativa sobre a organização (depois do flop de Évora...) não era muita mas o arranque prometia.
jfm, 2005
Mas assim que entrei na primeira sala onde havia apresentação de comunicações das várias Secções a decepção começou. "Tem 10 minutos para falar, por favor não exceda o tempo". As pessoas tentavam esticar os 10 minutos (algumas esticaram obviamente para cima do tempo atribuído às comunicações seguintes), mas todos corriam desesperadamente para dizer o que tinham impreterivelmente que dizer e mostrar os N powerpoints que tinham preparado. A tentativa de fazer passar tão elevada quantidade de informação em tão pouco tempo colidia notavelmente com o meu interesse e expectativa de ouvir ideias e de as discutir. (Detesto ter que dar alguma razão ao Stagger no artigo que escreveu sobre a história dos powerpoints...)
jfm, 2005
Desesperante. Sem discussão. Sem análise. Sem expressão. Algumas comunicações interessantes e sobre as quais apetecia saber mais e discutir ideias, mas muitas comunicações sem alma, sem ideias, simples "revisões de literatura" demasiado escolares, ou mesmo aulas para nos ensinar, por exemplo, o que é a liderança, como se ensina as crianças a serem cidadãs, o que é a pós-modernidade, enfim, um massacre. Análise de discussão de ideias, quase zero. Valeu um Painel.
Foi bem o exemplo de como um espaço-tempo que devia ser organizado para proporcionar aos participantes a máxima interacção, análise, discussão, profundidade, aprendizagem, se tornou numa visita turística daquelas em que o guia vai a correr porque o museu está mesmo a fechar.
jfm, 2005
À saída da ESE havia no átrio um relógio que sugeria que é importante guardar o tempo, à chave, para que não nos roubem a possibilidade de aprendermos.
É assim que a investigação em educação em Portugal é analisada e discutida? Estão a dar razão total a todos aqueles que falam das ciências da educação (sem as conhecer de facto) como o pior dos vários dialectos do "eduquês" - e o que é curioso é que aquelas pessoas que assim falam nem sabem porque é que às vezes têm mesmo razão.
2 Comments:
Concordo plenamente.
Considero que deveria haver uma maior selecção das comunicações e workshops que são apresentadas nos congressos portugueses. Deste modo, considero que a quantidade de apresentações seria menor, dando mais espaço à discussão, que é essencial. E para o próprio comunicador, na minha opinião e enquanto comunicadora em alguns congressos, é altamente frustante termos apenas os tais 10 minutos para apresentar o trabalho que desenvolvemos e ainda por cima, no final, a desejada discussão (já que é uma oportunidade de apronfundar aspectos que não podemos abordar nesses 10 minutos) acaba por não ocorrer, porque nem todos os comunicadores dessa sessão respeitaram o seu tempo. Enfim!
O mais grave ainda é ouvir respostas dos organizadores desses congressos do tipo: à partida todas as comunicações são aceites! Para que serve o grupo de investigadores que analisa os resumos enviados?
SF
Muitos dos cogressos que vemos anunciados parece serem mais formas de proporcionar alguns fundos às entidades que os promovem do que propriamente para discutir a investigação. E é muito difícil destrinçar as coisas. Não sei se é o caso desse congresso. Mas tenho experiência de outros em que parace que essa é a razão fundamental: tudo é aceite, inscrição cara (embora com apoios imensos do Estado), etc. Como modificar isso?
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