quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Sobre a fraude em investigação

A discussão, numa das sessões desta semana, sobre a fraude na investigação permitiu clarificar diversos aspectos daquilo que conta como investigação (em educação). Tive em certos momentos a sensação de que estava a falar de algo quase tabú (olhares incrédulos?). Não há tabús nestas coisas da investigação. Assim como defendo que a investigação (nomeadamente a realizada em Portugal) deve ser muito mais analisada, criticada e discutida (sem com isso criticar as pessoas que a fazem) defendo também que os processos e as metodologias usadas na produção de investigação (e neste caso, em trabalhos académicos) deve ser interrogada, discutida e analisada. Isto é essencial para que se aprenda sobre "como orientar uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutoramento", que princípios adoptar na avaliação desse tipo de trabalhos académicos, como planear e conduzir as defesas públicas de dissertações e teses académicas, etc.
Especificamente sobre a questão da fraude na investigação deixo aqui a referência da notícia do Público sobre os problemas do Prof von Zieten da Universidade de Frankfurt que comentei esta semana e um exemplo de outro caso de fraude nessa área. Deixo ainda um link para um site que ilustra bem a facilidade e o à vontade com que actualmente se oferece serviço academicamente fraudulento no âmbito de trabalhos académicos (e que corrobora aquilo que eu disse esta semana). Exemplar.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Em relação à realização de teses de mestrado, considero que deve ser preocupação de cada um de nós contribuir para a produção de conhecimento em educação. Infelizmente, existem cada vez mais estudos a este nível que nada acrescentam de novo.
Tenho perfeita noção que é uma investigação limitida, especialmente no que se refere ao tempo e, também, aos recursos. Mas daí a limitar-se a contar histórias, não!

1:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com a ideia de que deve haver a preocupação de construir conhecimento e elaborar sobre a investigação que existe. O "acrescentar" conhecimento ao existente (a metáfora da "mais valia") deve estar presente nas preocupações de quem desenvolve investigação (é uma questão ética). Mas em trabalhos de investigação como os conducentes à preparação da dissertação de Mestrado (de duração necessariamente muito curta) deve existir uma consciência clara dos constrangimentos impostos pelo tempo. Isto implica avaliar com cuidado as possibilidades de desenvolver trabalhos de investigação muito ambiciosos (por exemplo, através de estudos longitudinais).
Um comentário sobre o "contar histórias". A enorme quantidade de investigação de qualidade realizada através de histórias de vida ou autobiografias (quer em Poerugal quer em muitos países mais desenvolvidos do ponto de cvista da investigação) mostra que as narrativas (o contar histórias) são um elemento importantíssimo para analisar as práticas das pessoas. As histórias fazem parte do reportório partilhado pelas comunidades e contêm muita da cultura dessas comunidades. Sugiro uma pesquisa através do www.scholar.google.com com a entrada "histórias de vida".

10:49 da tarde  

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