terça-feira, fevereiro 08, 2005

Investigar e recolher dados empíricos

Pode-se equacionar uma investigação através do plano de recolha de dados empíricos?
Recolher dados não deve ser entendido como investigação. É apenas uma fase ou uma dimensão da investigação. A investigação não consiste em recolher dados (empíricos). A investigação é na sua essência a produção de teoria (mesmo que apenas teoria substantiva sobre determinado objecto "empírico"). E por isso mesmo a investigação tem um campo teórico que é inescapável. Não se pode encarar a investigação como recolha e análise de dados (empíricos) sem dizer que a análise implica o uso e produção de teoria.

A expressão "recolha de dados empíricos" é aqui utilizada como significando trabalho de campo, em interacção com pessoas. A reolha de elementos bibliográficos não está incluída nesta categoria. Nem sempre é líquido dizer na investigação quando é que determinado trabalho é empírico. Mas isso não é problemático se se admitir a mútua constituição do campo empírico e do campo teórico na relação com o investigador.

A par disto é importante resistir à tendência para colocar etiquetas nas abodagens metodológicas dos estudos referenciando-as muitas vezes a visões tradicionais e mal informadas sobre essas mesmas metodolgias. Veja-se por exemplo a discussão da abordagem experimental feita em Design experiments in ducational research publicado no Educational Researcher por Cobb, Confrey, diSessa et al.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"A recolha de elementos bibliográficos não está incluída nesta categoria."
Esta frase suscita-me dúvidas. Não se tratando de recolha de dados empíricos, tout court, é por vezes às fontes bibliográficas que é necessário recorrer para por exemplo fazer história da educação, que me parece um campo de investigação tão válido quanto um estudo experimental. Desde que o leitor seja informado das implicações que este tipo de estudo contêm.
MCR

2:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O meu problema com as definições universais (em que tudo está incluido) é que penso que acabam por não definir nada. É por isso que, por exemplo, os matemáticos (tal como outros cientistas)na sua procura da categorização, se preocupam com definições que permitiu a escolha, a arrumação, dfos elementos com que trabalham.
Se eu definir campo empírico na investigação incluindo "tudo" (desde a pesquisa e recolha bibliográfica feita em obras de referências nas bibliotecas até à recolha de respostas a questionários, fotografias, etc) acabo por nada definir. É na esperança de que o campo empírico da investigação possa ser encarado com alguma forma metodológica produtiva que aquela categorização é feita. No caso de um estudo de natureza histórica em que os dados empíricos são recolhidos em documentos (actas, relatórios, manuais de outras épocas, depoimentos de educadores, etc, etc) penso que o campo empírico está bem definido e não se confunde com uma recolha bibliográfica que inspire depois a anãlise dos dados recolhidos (como seria necessário, por exemplo, numa análise das práticas discursivas de educadores em diferentes épocas históricas).
JFM

12:07 da tarde  

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