segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Investigação em ambiente "natural"?


(de http://www.culturefocus.com)

O que significa dizer que a investigação de natureza interpretativa com uma componente de campo empírico, ocorre em ambientes naturais? o que tem de natural uma aula com 25 alunos, um professor, um observador e uma câmara de vídeo? É um pouco o que se passa quando os documentários sobre a vida na natureza nos apresentam o "ambiente natural" . Mas natural apenas no sentido em que estão lá as criaturas, os guias, as equipas de filmagens, etc?

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ponto de vista interessante mas muito discutível...
jfmatos

3:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É de facto muito discutível...
jfmatos

6:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não existe investigação em ambiente "natural" nas condições descritas. A presença de um observador, já contamina o que se passa num determinado contexto. Aliás até o próprio conceito de natural tem muito que se lhe diga. O que é natural é verdadeiro, digno de crédito? É critério de validade? Não é natural que o peixe grande coma o pequeno? Se alargarmos o que é natural aos mundo dos homens (que são parte da natureza) não poderíamos dizer o mesmo? O O homem grande come o pequeno?
MCR

10:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Em termos de campo empírico duma investigação, a saída pode ser encarar o "ambiente" em que a investigação (naturalista) decorre como sendo constituído por tudo aquilo que de facto faz esse ambiente incluindo o observador/investigador. A implicação disto é a necessidade de dar conta ao leitor do estatuto que o investigador tinha no ambiente que observou, das implicaões (identificadas) da sua presença nesse ambiente, etc.
jfm

12:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A certa altura estamos a peguntar como MCR o que há de natural na natureza. uais são os limites que queremos considerar para o natural?
PFC

12:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Em termos "rigorosos" é necessário advertir o leitor do estudo àcerca da suposta naturalidade (presença do investigador, da câmara de video, etc. e assim expôr as condições em que a investigação foi feita. Seria então necessário apelidar (?) o estudo de pendor(?) naturalista, mas descrevendo todas as artificialidades impostas. Um estudo nestas condições tem validade externa? Não andamos a criar "nichos artificiais" para estudar o que acontece nesses nichos?

2:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Nessas condições os estudos não têm validade externa, até porque o próprio "ambiente natural" pode ser uma artificialidade!
AM

6:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A questão parece-me relevante, isto é, será que qualquer objecto de estudo, "perde" ou "ganha" "algo" pelo facto de ser investigado?
Não foi isso que sempre se fez? Olhar críticamente para um aspecto do mundo e dar uma outra explicação possível? O que vemos hoje já não vemos amanhã.
O objecto de estudo permanece inalterado, o nosso conhecimento sobre ele é que se alterou?
MR

8:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para mim o supermercado deixou de ser o mesmo depois de ter lido alguns trabalhos de investigação sobre a forma como as pessoas pensam e actuam nesses espaços comerciais (por exemplo, Cognition in Practice, de Jean Lave). Dir-se-ia que mesmo sem a presença de um investigador no ambiente "natural", o simples facto de ele ser objecto de análise o altera. Não é o mesmo depois da investigação. E não é o mesmo para as pessoas que tomaram contacto com a análise feita nessa investigação (em que podem estar incluídos os participantes nesse espaço analisado).
Voltando à terra. O que é importante é que quem faz investigação reflicta sobre o seu papel no ambiente que está a analisar e sobre as formas como esse papel influencia o que se passa no ambiente "natural" que pretendia investigar.
jfm

10:59 da tarde  

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